A Prefeitura de Armação dos Búzios se posicionou de forma contrária depois que um comunicado da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) teria proibido seus membros e associados e participar de congressos médicos em cidades e regiões com apelo turístico.
Segundo o município, o comunicado teria provocado uma forte reação de empresários, médicos e autoridades da Região dos Lagos, especialmente pela justificativa da entidade, de que cidades com apelo turístico poderia desviar a atenção dos participantes.
Para a Prefeitura de Búzios, porém, a decisão de proibir a realização de eventos em cidades da Região dos Lagos apresenta uma justificativa incoerente, já que permite a realização em outros destinos apontados como turísticos em outros locais do país.
“A incoerência da medida, no entanto, chamou atenção: enquanto veta a realização de eventos em cidades como Búzios, por exemplo, a mesma entidade libera em outros destinos também reconhecidamente turísticos em diferentes regiões do país”, apontou o município, nessa quinta-feira, 10.
De acordo com a prefeitura, a decisão gerou indignação entre os empresários e organizadores de eventos, que questionam os critérios adotados e alertam para os prejuízos econômicos que a região poderá enfrentar.
Segundo empresários do setor ouvidos pela prefeitura, só em Búzios, os congressos médicos geram um impacto de mais de 40 milhões de reais por ano, número que cresce para 150 milhões de reais quando considerada toda a Região dos Lagos, incluindo cidades como Cabo Frio, Arraial do Cabo e São Pedro da Aldeia, por exemplo.
Outro ponto apontado pela prefeitura é o impacto sobre o tradicional Congresso Fluminense de Cardiologia, que é realizado em Búzios anualmente desde 2002, e que reúne todas as regionais do Estado em um dos maiores eventos científicos da medicina fluminense.
“A cidade também está situada em uma área estratégica do Estado, com 3 faculdades de medicina em um raio de 100 quilômetros (km) e com excelente estrutura logística, o que torna a decisão ainda mais injustificável sob a ótica científica”, acrescentou o município.
Em reunião com empresários e presidentes de entidades da área médica nessa quinta-feira, o prefeito de Búzios, Alexandre Martins (REPUBLICANOS), criticou a decisão da Interfarma, reforçando a infraestrutura da cidade para a realização de grandes eventos em diversas áreas, entre eles a área médica.
“Búzios é um dos destinos mais preparados do Estado do Rio de Janeiro para sediar eventos e congressos de grande porte. Temos estrutura, grande rede hoteleira, o maior centro de convenções da Região dos Lagos e uma cidade maravilhosa que recebe bem o turismo de negócios. Não faz sentido ficarmos de fora por essa decisão”, afirmou Alexandre Martins.
O encontro contou com a presença do presidente da Regional Lagos da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio (SOCERJ), Anderson Simas, e dos empresários, Luiz Guedes, Rodrigo Ricarte e Cristiano Marques.
Segundo a prefeitura, o grupo pretende redigir uma carta conjunta, assinada por prefeitos da Região dos Lagos, para ser enviada à Interfarma, solicitando a revisão da decisão e o reconhecimento da capacidade técnica e estrutural da região para receber eventos científicos de grande porte.
Questionada pela nossa reportagem nessa quinta-feira, sobre a proibição, a Interfarma explicou, em nota, que existe uma indicação contrária à realização de eventos nesses locais, mas afirmou que não existe nenhuma proibição oficial da entidade.
“Os eventos das associadas e patrocinados por elas não devem ocorrer em locais que tenham apelo eminentemente turístico ou de entretenimento. O objetivo principal é não desvirtuar o caráter científico e educacional da ocasião. Entretanto, o código de conduta não proíbe a participação de suas associadas em eventos nesses locais. Neste caso, cada associada possui suas políticas e códigos próprios que regem a conduta de seus colaboradores”, informou a Interfarma.