Indignação em Búzios após aplicação de pó de pedra na famosa Rua das Pedras

A recente intervenção na famosa Rua das Pedras, em Búzios, tem gerado um grande debate sobre a preservação de patrimônios históricos. No início desta semana, o tradicional calçamento da rua, um dos principais cartões-postais da cidade, foi coberto por pó de pedra, o que alterou significativamente o visual característico da via, conhecida por seu estilo “pé-de-moleque”, e deixou a paisagem com um efeito semelhante ao de uma cimentação.

Logo após a conclusão da obra, a medida foi amplamente comentada e criticada nas redes sociais. Tombada desde 2019, a Rua das Pedras é um dos principais patrimônios históricos de Búzios e, além disso, o calçamento original, implantado na década de 1970, é uma das principais características do local. Moradores e comerciantes, como a atriz Alexia Dechamps, expressaram preocupação com a situação, alegando que a poeira gerada pelo pó de pedra compromete o ambiente e a experiência de quem visita a cidade. “Isso está causando desconforto para os moradores e turistas, além de prejudicar a saúde com a quantidade de poeira no ar”, afirmou Dechamps.

A Prefeitura de Búzios justificou a ação com a argumentação de que a medida visa prevenir acidentes. Contudo, a população segue apreensiva, questionando não apenas a modificação em um patrimônio histórico, mas também a logística de trânsito e os impactos que a obra pode causar, especialmente em dias de chuva, quando a rua tende a se transformar em um lamaçal. “Ontem já virou um lamaçal aqui na Rua das Pedras. Os carros estão passando a toda velocidade, pois agora está nivelado, e o comércio está desesperado tentando limpar a poeira”, relatou Alexia, destacando a preocupação com o impacto no comércio local e a preservação do espaço. “A rua é tombada. Não pode mexer”, concluiu.

Histórico de Polêmicas em Búzios

A polêmica sobre as intervenções na Rua das Pedras não é novidade. Desde 2013, quando a primeira obra foi realizada, a via tem sido alvo de controvérsias. Na ocasião, antes do tombamento do espaço, a prefeitura, então sob a gestão de Alexandre Martins, utilizou cimento para rejuntar os calçamentos, com a justificativa de facilitar a acessibilidade. Em 2021, novas intervenções ocorreram, e, na ocasião, a administração municipal afirmou que o pó de pedra utilizado na obra não impermeabilizava o solo.

As críticas à intervenção mais recente renovam o debate sobre a necessidade de preservar a essência histórica da rua e os impactos dessas modificações na memória e identidade cultural de Búzios.

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